Literatura em quadrinhos: análise da tradução intersemiótica de "Os Lusíadas"
Resumo
Para além de operar como instrumento de longevidade de clássicos da literatura, na medida em que altera os modos de circulação e penetração de obras literárias, consideramos as adaptações para quadrinhos como exercícios de tradução intersemiótica. Os objetos construídos nesse processo ocupam lugar privilegiado para uma análise semiótica que procure encontrar parâmetros mais robustos de reflexão sobre as estratégias de diálogo ou aproximação de diferentes linguagens. Formulada nos termos de uma tradução intersemiótica, a adaptação para quadrinhos passa a ser encarada como uma recriação de um projeto enunciativo, a partir de alguns critérios, visando a manutenção de alguma identidade da obra de partida na obra de chegada, concebida sob novas coerções. Na esteira dessas considerações, propomos uma análise do clássico da literatura Os Lusíadas, de Luís de Camões, para a história em quadrinhos (doravante HQ) homônima, adaptada por Fido Nesti. A análise pautada na semiótica discursiva, principalmente nas proposições atuais da abordagem tensiva, procurará explicitar algumas estratégias e escolhas do adaptador em relação à obra original, para entender os efeitos de sentido buscados na obra em quadrinhos. Teceremos nossa reflexão a partir de alguns parâmetros narrativos, temáticos e figurativos, assim como lançaremos mão de conceitos como ritmo, andamento, tonicidade, para explicar a construção de ambiências sensíveis como o suspense, o impacto, entre outras, na relação do clássico da literatura portuguesa com a HQ.
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