Projeções do narcisismo em "Os Guarda-Chuvas Cintilantes"
Resumo
Os Guarda-Chuvas constituem-se como um espaço dessa luta árdua e incessante travada pelo sujeito de enunciação para apreender o seu “eu”, de forma a permitir-lhe o autoconhecimento e registá-lo.
Neste exercício de se adentrar, o sujeito de enunciação vê-se confrontado com vários obstáculos difíceis de transpor, sendo um deles mesmo intransponível – o “eu” é um ser fragmentário, móvel e fugidio e, por isso, impossível de ser captado. Outra barreira prende-se com os meios postos à disposição – a linguagem, a fotografia e o espelho – que são incapazes de representar integralmente o “eu”. Além disso, o autoconhecimento exige que se aceda à zona periférica, à sombra, e não apenas ao “eu” central e iluminado, mas esta é também fugidia e não é possível ser captada. Por fim, a desagregação do “eu”, que daria a possibilidade de olhar-se de fora, não lhe permite uma representação objetiva.
Mas a par desta aventura interior assistimos a uma outra – aquela que leva ao debate de temas, como a relação entre o visual e o verbal, os géneros literários, a relação entre a realidade e a linguagem e o próprio fazer literário.
Direitos de Autor (c) 2023 Maria Cecília Vieira

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