Um olhar de relance sobre o retrato dos portugueses e dos "outros" na obra "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto
Resumo
O perfil dos portugueses como povo de viajantes, de emigrantes, de aventureiros, entre outras facetas, não raro em busca de fortuna, é sobejamente mencionado por diversas fontes. Entre a panóplia de escritos de viagens elaborados por autores lusos nos séculos XV, XVI e XVII, em consequência das andanças por variadíssimos lugares do orbe, importa forçosamente realçar a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto (que foi soldado de fortuna, pirata, comerciante, agente e diplomata durante 21 anos na Etiópia, Pérsia, Malásia, Índia, Birmânia, Sião, Cochinchina, China e Japão), impressa em Lisboa, em 1614, 31 anos após a morte do seu redator. Esta obra, que constituiu indiscutivelmente um “best-seller” no século XVII e que se tem revelado uma aliciante fonte de diálogo intertextual, regista uma série de edições, reimpressões globais ou parciais, traduções e reúne a seu respeito numerosos trabalhos de análise crítica que a tornam objeto de leituras, releituras e inclusive de algumas retificações, nomeadamente no que diz respeito aos tópicos da credibilidade e da historicidade. Focalizando a nossa atenção em tal monumento da literatura portuguesa e universal de viagens, procuramos, com o presente artigo, radiografar alguns dos traços que compõem o retrato com que os portugueses são exibidos, reproduzindo o mesmo exercício em relação a várias culturas e civilizações asiáticas expostas no relato do “aventureiro-penitente” que foi Fernão Mendes Pinto, o qual, sem dúvida, ao contactar com realidades distintas, colecionou experiências e lições de vida incríveis, desempenhou inúmeras tarefas e missões e extraiu um universalismo que perpassa a Peregrinação.
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