Fins do Antigo Regime em Portugal: Inquisição e Intolerância Religiosa

Resumo

Mesmo após as reformas pombalinas, que particularmente afetaram o poder da Igreja, os fins do Antigo Regime em Portugal caracterizaram-se pela intolerância e fanatismo religiosos; a simbiose poder político/Igreja, a que a Inquisição e a Intendência da Polícia davam expressão, permaneceria até 1820 com efeitos devastadores na organização da sociedade e, muito particularmente, no campo da educação e vivência cultural, apesar dos novos ventos iluministas que sopravam particularmente da França revolucionária. Este artigo, partindo de uma análise hermenêutica de textos de viajantes estrangeiros que demandaram Portugal após a queda de Sebastião José de Carvalho e Melo, pretende comprovar que, apesar de todas as pressões exteriores e do anacronismo político e religioso, só a Revolução Liberal de 1820 poria fim a quase três séculos de um modelo governativo em que não se sabia onde acabava o Estado e começava a Igreja.