Cultura de estupro como arma de guerra: Abordagem dos Estudos Culturais e de Género
Resumo
Inspirado no entendimento de que a violência sexual não se cinge somente entre homens e mulheres, mas integra igualmente crianças, mulheres e homens transsexuais, homossexuais e idosos o presente estudo indaga o conceito de estupro como arma de guerra proposto pelo pensamento feminista. De acordo com esta perspetiva teórica, o estupro é um fenómeno que ocorre como manifestação de poder e exercício da masculinidade contra as mulheres. Sustentado pelos estudos culturais e de género, e pela revisão bibliográfica, este estudo propõe uma crítica à abordagem sobre estupro como arma de guerra por entender que esta é uma perspetiva militar e masculina e que responde a um pressuposto limitante no qual as dinâmicas de opressão e restrição de direitos englobam apenas o binário homem e mulher. Assim, conclui-se que a abordagem estupro como arma de guerra serve para legitimar a perspetiva patriarcal sobre o lugar subalterno das mulheres na sociedade, alimentando o silêncio e a vitimização por parte de todas as pessoas a quem o estupro danifica o seu corpo físico e a sua dignidade, o que torna esta abordagem fechada, excludente, masculinizada e vitimizadora.
Direitos de Autor (c) 2022 Tânia Machonisse, Orquidea Moreira Ribeiro
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