Cultura de estupro como arma de guerra: Abordagem dos Estudos Culturais e de Género

  • Tânia Machonisse Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Universidade Eduardo Mondlane
  • Orquidea Moreira Ribeiro UTAD; CECS
Palavras-chave: estupro, estupro como arma de guerra, cultura de estupro, estudos culturais e de género

Resumo

Inspirado no entendimento de que a violência sexual não se cinge somente entre homens e mulheres, mas integra igualmente crianças, mulheres e homens transsexuais, homossexuais e idosos o presente estudo indaga o conceito de estupro como arma de guerra proposto pelo pensamento feminista. De acordo com esta perspetiva teórica, o estupro é um fenómeno que ocorre como manifestação de poder e exercício da masculinidade contra as mulheres. Sustentado pelos estudos culturais e de género, e pela revisão bibliográfica, este estudo propõe uma crítica à abordagem sobre estupro como arma de guerra por entender que esta é uma perspetiva militar e masculina e que responde a um pressuposto limitante no qual as dinâmicas de opressão e restrição de direitos englobam apenas o binário homem e mulher. Assim, conclui-se que a abordagem estupro como arma de guerra serve para legitimar a perspetiva patriarcal sobre o lugar subalterno das mulheres na sociedade, alimentando o silêncio e a vitimização por parte de todas as pessoas a quem o estupro danifica o seu corpo físico e a sua dignidade, o que torna esta abordagem fechada, excludente, masculinizada e vitimizadora.

Biografias Autor

Tânia Machonisse, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Universidade Eduardo Mondlane

Tânia Machonisse é doutoranda em Ciências da Cultura na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Portugal. Possui 14 anos de experiência em gestão de comunicação organizacional e 10 anos de experiência no ensino de jornalismo. Exerceu o cargo de Diretora dos Cursos de Graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade Eduardo Mondlane (2018-2021). Foi Realizadora do documentário "O Parto" que representou Moçambique no concurso da DOCTV CPLP III Edição (2018-2019). Exerceu o cargo de Diretora Executiva do Centro de Estudos de Comunicação Interdisciplinar em Moçambique (2017-2018). Recebeu a Bolsa da UNESCO (2020) para cursar Pós-Graduação em Estudos de Género na Universidade da Islândia e recebeu a Bolsa Fulbright (2015) para cursar Mestrado em Comunicação na University of Southern Indiana, nos EUA.

Orquidea Moreira Ribeiro, UTAD; CECS

Professora Associada com Agregação em Ciências da Cultura na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS_UMinho). É membro da Rede Nacional de Estudos Culturais (RNEC) e da rede internacional Memoria y Narración (Oslo). Investiga nas áreas dos estudos culturais, estudos coloniais e pós-coloniais, com incidência nas representações culturais, identidade cultural e memória cultural, património cultural imaterial, criatividade e sustentabilidade da cultura..

Publicado
2022-07-05