Mecanismos de formação do círculo de clausura do Estado
Resumo
Através de duas observações participantes colhidas em trabalho de campo num estudo sobre a atividade política vivida como profissão, explora-se neste artigo a dicotomia Estado – sociedade, secundado na vertente do legítimo e do ilegítimo, do possível e do impossível, do aceitável e do não aceitável, enquanto mecanismos manifestos das habilidades funcionais do fechamento do Estado, expressos no princípio do puro respeito pela ordem simbólica, corroborados extensivamente pelos funcionários em práticas de separação com recurso a fundamentos extra-lei.
Em ambas as circunstâncias apresenta-se um cenário que dá existência a uma noção do Estado desligada da sua condição original, ou seja, a sociedade. Surge um paradoxo em relação ao sentido sobre quem produz quem, emergindo, desse modo, o Estado como natureza naturante desfazendo-se assim a sua natureza naturada.
Sobressai, nesta hierarquia, uma inversão que retira o poder da base societária. Instalado como entidade de poder a si eternamente delegado, o Estado emerge como uma novel agregação cuja legitimidade extravasa-se e hiperboliza-se em relação à sociedade que lhe dá origem.
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